quarta-feira, 13 de julho de 2011

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Auto-terapia - D. Donson


Dear Daniel,

Bem-vindo aos próximos oito meses de sua vida! Você que corre tantos riscos e vive no limite das probabilidades. Resta agora aceitar esse acordo que você fez com o desconhecido e ir em direção ao inesperado.

Sei que quando chega a noite o seu coração acelera, sua garganta entrecorta e você fica triste e melancólico. As pessoas que verdadeiramente te amam estão sob este teto que em poucos dias você irá deixar.

Mas como não seguir esta estranha voz que diz que você tem algo a cumprir? Como não ouvir este chamado para uma experiência que irá, de alguma forma, te alargar a vida? E você sabe que pode escolher caminhar pela trilha já aberta ou usar de certa fibra para abrir caminho novo - em mata fechada.

Oras, faça o seu melhor, se torne um forte. A vida acontece para aqueles que se entregam a um grande sonho. E se você não sabe exatamente qual é o seu grande sonho, entregue-se a doçura caótica da busca.

Busca essa que leve talvez ao amadurecimento, que leve talvez às respostas que não podem ser ditas. Talvez o mundo se escandalize se você jamais desistir de se tornar alguém excepcional, bem maior do que você mesmo.

É que as pessoas têm preguiça de ser tudo o que elas poderiam vir a ser. E se ofendem quando alguém não resiste à tentação de sair para fora do cercado, do cercado da trivialidade, do cercado das coisas fáceis e do mundo possível.

No entanto, as pessoas são as paisagens mais belas que existem. E a vida de todo mundo é inacreditável e passível de se tornar um filme.

Quanto a você, continue insistindo. O que você não é está te impulsionando para frente. O que você não é está te ensinando, pouco a pouco, uma grande lição. Está te aproximando do Grande Sentido.
É provável que Deus exista dentro disso. Eu sinto que Deus está para você. Está sempre.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

A Primavera e os renovos da terra

É primavera. Não sei por que, mas a primavera me dá coisas. Começando por uma sensação de estranha mobilidade, uma sensação que faz com que eu repense a minha vida atual. Talvez seja o chão carregado de flores pisadas, mas com o perfume ainda fresco. Talvez seja o reflexo de luz por entre as árvores que me recosto. Eu adoro o vai e vem das folhas o meu quintal.

Por instantes, penso que sei do universo. Não digo que conheço o universo, mas sei sem saber que a vida está se refazendo, organicamente. É quando também volto à terra, humilde, cansado e desvanecido. Sim, porque também preciso me refazer e buscar forças outras pra encarar a vida de frente e encarar a minha verdade de frente.

A minha verdade nunca me agradou. E se há alguma coisa que me incomoda em ser gente (ou aspirar em ser humano) é o fato de que jamais alcanço minhas raízes. Eu quero dizer que, por vezes, não me sinto parte de nada. E vivo procurando uma forma telepática de me encontrar.
Mas há tanto que já me perdi que temo em achar-me tarde demais. Temo em tomar gosto pelo abismo, pelo ato de se perder, pois perder-se é um achar-se muito perigoso.

Sinto, nesta primavera, que é hora de retornar à terra se eu quiser continuar vivendo. O mundo é um emaranhado de opiniões sobre ele. E ninguém sabe de nada, ninguém tem tempo de saber.
Dias destes acordei triste. Fazia um sol como no inferno e há dias não chovia. Tive por um momento a sensação de estar sob forte pressão na terra dos homens. Tive a sensação de que eu não me enquadro em perfil algum e que, mesmo assim, minhas atitudes estavam me levando para um quarto escuro.

Neste quarto escuro, eu podia ouvir ao longe gritos e revoltas. Mas o pior de tudo é que eu havia perdido o direito de também gritar, eu era mudo, eu existia simbolicamente. Eu estava como as folhas caídas do meu quintal, sendo pisadas voluntariamente por seres bem maiores do que elas.
Então, resolvi parar de lutar, me deixei ser pisado. As pessoas que andam sobre o mundo esperam uma oportunidade para acusar um criminoso. Cometi muitos erros na minha ânsia de ver todas as coisas como elas realmente são e isto me levou para o quarto escuro de que falei. Porque ainda que eu tenha a razão, se eu falasse, eu seria arrastado.

Falta-me o direito de denunciar, pois eu também faço parte deste grande círculo de erros e acertos. Mas quanto ao crime, uma bala só é suficiente para matar um facínora. As demais balas se resumem em vontade de matar, em prepotência de quem atira – e este se torna criminoso de igual modo.

A justiça, meu amor, a justiça é algo que é sempre praticado de forma equivocada. Pois dentro de todo homem justo há um facínora em potencial - nada do que é humano me é estranho. Para me livrar de todas as vibrações que criei, preciso de reciclagem, porque eu tenho os meus lobos. E não quero ser insensível à dor alheia, não quero ser o que eu fui um dia. Terei que sair pela por dos fundos para me salvar de mim mesmo. E como a primavera, terei que me deixar cortar para só assim voltar mais forte ano que vem.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

O Guardador de Rebanhos - Fernando Pessoa


Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender...

O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...

Eu não tenho filosofia; tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar...

sábado, 7 de agosto de 2010

I´m So Moving On! - D. Donson


Moving on! Estas são minhas palavras de ordem! Depois de mais uma leve decepção no que diz respeito às emoções, resolvi agilizar meu processo de partida. Cheguei de Santos ontem, depois de uma semana inteira de treinamento com a Costa Crociere. Foi realmente legal, conheci muita gente nova, rimos A LOT, saímos e nos divertimos. Descobri que tenho o dom de fazer as pessoas rirem e que uma hora vou ter que voltar a atuar! Haha.

Fiquei em um hotel há metros da praia, então à noite eu costumava sair pra caminhar e ver as pessoas de Santos. No penúltimo dia, coloquei meu fone e minhas músicas on, saí bem distraído pela orla, andando devagar, sendo uma coisa muito rara: eu estava sendo livre. Parei na escola de surfe, fiquei algum tempo observando sozinho o mar escuro, a forma como as ondas se interpõem na areia. Então pensei que seria mesmo um grande desafio ultrapassar todas as fronteiras geográficas.

Porque quando eu ultrapasso uma fronteira física, eu ultrapasso, antes de tudo, uma barreira interna. Eu quero dizer que a descoberta, a distância e uma nova forma de vida me apontam caminhos. Espero não retornar da mesma forma que estou indo, estou partindo pra reciclagem e exijo um novo Daniel...hehehe. Nada de me devolver em terra para minha vida atual, quero uma ruptura, uma mudança, pois o cotidiano me mata.

Ainda na escola de surfe, vendo ao longe as luzes dos navios que atracavam no porto, pensei: em todo momento há gente que chega e gente que vai. E o mundo tem muitas pessoas, nunca se sabe quem é que se irá encontrar e quão decisivas estas pessoas serão em nossas vidas. Por isto, irei viajar de peito aberto, embora triste com o que poderia ter sido aqui e até agora não foi.

Quando eu estiver no avião, colocarei I´m leaving on a jetplane que é uma das músicas mais românticas que conheço. Ou quem sabe I say a little prayer for you, que é um hino do amor. Também colocarei Sorry to Myself, que é para me lembrar que devo tentar machucar menos as pessoas. Mas quando eu voltar, colocarei Thank You, da Alanis. Porque acho que esta longa viagem será o meu retiro espiritual, a minha própria Índia e a sua espiritualidade.

Isso, estou saindo de cena para voltar mais forte e mais bonito, no sentido conotativo! Hehehe. No final das contas, a gente não está querendo provar nada a ninguém. A gente só está querendo sentir o mundo e as pessoas e Deus de um modo diferente. Gostaria de enxergar Deus nas pessoas e nas coisas. Gostaria de enxergar o amor e sentir o amor por Deus, pelas pessoas e pelas coisas. Se eu puder enxergar tudo isso, ainda que de relance – porque a verdade é um relance – terá valido a pena me ausentar.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Noite sem fim - D. Donson


Não é a toa que entendo quem jamais dispensa uma balada. Quem não conhece a vida noturna de certos clubes e bares, não entenderá o que irei falar. Começamos, pois, pela liberdade que a noite promete. Do momento em que saímos do banho e nos arrumamos, até as luzes caleidoscópicas da pista de dança: com bons amigos ao lado, pelo menos a diversão é garantida.

Cada pessoa tem um estereótipo físico do que deseja encontrar nessa longuíssima noite. A moda também se faz presente, grandes estilistas, brands: Gucci, Fendi, Prada, Valentino, Armani, Calvin...hehehe. O que todos nós - os que freqüentam estes locais - já aprendemos é que algumas destas noites escondem grandes surpresas. Boas ou más, elas quebram com a maldição do cotidiano e da trivialidade de tarefas repetitivas e fuckin cansativas. Talvez este seja o grande segredo: a quebra, a ruptura, a novidade.

Também devo salientar que em tais locais algumas pessoas se tornam irreconhecíveis. Isso porque estão sendo, por uma noite, livres – coisa que assunta. Portanto, elas fazem coisas que jamais caberiam no seu dia-a-dia, no mundo real que envolve a todos nós. Estou tentando falar de algo que é pungente dentro do ser humano, mas não quero dar um tom didático, pois não tenho nada a ensinar.

Ocorre que algumas noites podem se tornar odisséias de grandes romances ou aventuras. Há quem jure que viveu um autêntico relacionamento numa única noite. Há também aqueles que optam por beijar 15155148886313 de bocas, ainda que no dia seguinte não se lembrem do rosto de ninguém. Há ainda aqueles que, como eu, entram com o pé esquerdo na grande festa (porém, muito alinhado, obrigado) e sem grandes expectativas, apenas o compromisso de celebrar um momento de... de liberdade.

No entanto, me parece que a falta de pretensão dá ocasião à surpresa. Justo eu que, dos meus três amigos, sou o menos baladeiro. Pois depois de insistentes ligações resolvi conhecer certos novos clubes em outra cidade. Tive grandes descobertas das quais pouco irei falar, pois o dia já amanheceu e nunca consegui na vida lidar com os restos do carnaval.

Com isso, quero dizer que não sei o que foi real, já que tudo que se vive lá parece desaparecer com a luz do dia. Me lembro bem da sexta-feira FREAK, todas as músicas que eu amo foram tocadas: Cold, Avril, Alanis, Oasis e até Elis Regina. O sábado eu guardo comigo, mesmo sob o efeito duas doses de Jack...hehehe – o sábado é meu.

Esqueci o que eu pretendia com este post, vou parar um pouco para um café, já são 2h da manhã e o mundo descansa, menos eu que tenho insônia. Voltei. Lembrei: a noite também pode ser mágica, como se uma fada me dissesse: “Apenas por esta noite, você terá o que você quiser. Quando sol aparecer você precisa estar longe daqui”...hehe. Gostaria de dizer que... que aceitei as condições. Mesmo sabendo que brinquei de bola sem bola e que numa noite como estas, a única garantia é a deliciosa vertigem do momento.

Espero ter sido menos melancólico que o usual, afinal, não estou triste hoje, só um pouco cansado. Talvez sábado eu aceite novamente as condições e esta fada anônima me faça o favor de repetir meu desejo...hehehe. Eu acho que devo ser alguém especial: se eu não existisse, a Disney me inventaria...hehehe. Acho melhor ir dormir, XOXO.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Traduzir-se - Ferreira Gullar.



Uma parte de mim
é todo mundo
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir uma parte
na outra parte
— que é uma questão
de vida ou morte —
será arte?

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Unsent - D. Donson


Querida Clarice,

Estou triste. Um êxtase me vem pelo fato de não caber na vida dos dias. Estou atravessando uma fase de silenciosa tensão, de medo, de incerteza. Minha vida, ao que parece, oscila mais que uma montanha russa. Minhas felicidades duram átimos de segundo. O mesmo tempo que o pneu de um carro em alta velocidade demora para tocar o asfalto e depois gira para novamente tocá-lo. Sinto que estou perdendo tempo, sou acometido de um mal-estar constante e instintivo. O mesmo mal-estar que se sente quando uma pessoa perdida em uma grande cidade toma a linha errada do metro ou do ônibus.

Como sabe, sou uma pessoa que sente tédio facilmente. E para me manter aceso é necessário sempre uma novidade que me faça superar uma adversidade. Preciso de jogo, preciso de riscos. E tudo está tão silencioso, tão mórbido e obscuro. Não sei se estou no caminho certo, mas sei que não encontrei o que estive a vida toda procurando. Talvez eu nunca encontre. Sei que não estou sendo específico, mas às vezes o que nos resta é apelar para os sons das palavras para tentar externar algo que sequer é exprimível.

Nesse momento toca Flinch. Assisti vários episódios de seriados e o som da televisão do outro quarto me incomoda. Aqui, acredito, não é meu lugar. Por Deus, Clarice, eu não encontrei aquela sombra com reflexos de luz entre as árvores, onde finalmente repousaríamos e nos descontrairíamos. Os meus sonhos parecem serem feitos de brisa e eu não sei se peço muito.

Estou relendo A Hora da Estrela e me vejo em tantas cenas, Clarice. Dia destes, também eu tive um encontro com a minha miséria ao olhar no pedaço de um espelho. Juro que senti aquela incompetência para viver tão inerente à Macabéa. Então pensei: também eu. Eu achei que viver fosse coisa fácil e que ser feliz fosse obrigação nossa, mas não é. Estou em um emprego monótono, estou em uma faculdade em decadência, estou sem grana para realizar meus projetos, estou sem grandes novidades amorosas, estou querendo partir, estou querendo respostas que apontem para Deus, estou querendo mudar, estou com saudades do que se foi, estou pronto para dormir mais uma noite.

No fim, Clarice, se as coisas não saírem como planejei terei que descobrir novos caminhos. Pois, diferente de Macabéa, eu não vou ficar com o que restou de mim. Antes, irei procurar me refazer, buscar forças outras: a vida sempre acaba em algum lugar. Só preciso me concentrar em mim para não esquecer quem eu sou e para onde vou. Clarice, não tem sido uma tarefa fácil, mas já obtive progressos significativos, embora ainda continue não entendendo as negras raízes de nossa liberdade.

O dia que experimentar a liberdade por completo serei como o cavalo novo de que você falou. Ninguém mais me colocará um nome, uma classe, um código, uma cor. O dia que eu alcançar os campos verdejantes eu correrei tão grato ao mundo e a Deus que eu pensarei: o que não nos mata, nos liberta. E jamais voltarei a pensar em sair pela porta dos fundos, antes tomarei para mim tudo o que é meu. Serei dono de mim mesmo e todas as estrelas do céu de abril serão minhas testemunhas.

Porque o mundo reconhece que fazemos parte dele. E eu sempre quis fazer parte de alguma coisa: meu coração é quase novo e eu também sou quase novo. Poderia desistir, mas preciso continuar a me respeitar. E esta é apenas uma noite ruim, não sei o que me espera amanhã. Que o mundo não se escandalize, Clarice, mas insistirei mais um pouco.

segunda-feira, 10 de maio de 2010

Vinte E Nove - Legião Urbana


Perdi vinte em vinte e nove amizades
Por conta de uma pedra em minhas mãos
Me embriaguei morrendo vinte e nove vezes
Estou aprendendo a viver sem você
(Já que você não me quer mais)

Passei vinte e nove meses num navio
E vinte e nove dias na prisão
E aos vinte e nove, com o retorno de Saturno
Decidi começar a viver.

Quando você deixou de me amar
Aprendi a perdoar
E a pedir perdão.
(E vinte e nove anjos me saudaram
E tive vinte e nove amigos outra vez)

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Começar De Novo - Ivan Lins


Começar de novo e contar comigo
Vai valer a pena ter amanhecido
Ter me rebelado, ter me debatido
Ter me machucado, ter sobrevivido
Ter virado a mesa, ter me conhecido
Ter virado o barco, ter me socorrido

Começar de novo e só contar comigo
Vai valer a pena ter amanhecido
Sem as tuas garras sempre tão seguras
Sem o teu fantasma, sem tua moldura
Sem tuas escoras, sem o teu domínio
Sem tuas esporas, sem o teu fascínio
Começar de novo e só contar comigo
Vai valer a pena já ter te esquecido
Começar de novo...

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Lonestar... Norah Jones




Lonestar where are you out tonight?
This feeling I'm trying to fight
It's dark and I think that I would give anything
For you to shine down on me

How far you are I just don't know
The distance I'm willing to go
I pick up a stone that I cast to the sky
Hoping for some kind of sign




PS: Por não deixar minha mente por mais de uma semana, tive que colocar esta deep song no blog.

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Fragmento


*A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade.

Carlos Drummond de Andrade


Foto: Minha amiga russa desde os 14 anos, Sofia Pigalova. Mora perto de S. Petersburgo e virá me vistiar no Brasil até o fim do ano.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Novos Planos - Spreading My Wings - D. Donson


É uma madrugada silenciosa e todos dormem há um certo tempo. Estou no sofá, com o computador na mão ouvindo músicas da Disney e vendo fotos da minha temporada lá. Na verdade, coloquei repetidas vezes In My Life, dos Beatles. E me da um nó na garganta quando lembro dos momentos mais felizes que vivi. Das pessoas incríveis que conheci. Do lugar mágico, da realidade tão aumentada, da intensidade dos dias e das horas.

Sabe, são tantos assuntos que temos que pensar. Eu realmente desejo com desespero terminar logo a faculdade este ano. Amo muito a maioria das pessoas de lá, embora de risada de duas ou três pessoas medíocres da nossa sala. Mas no fundo sinto pena deles e da pseudo-fecilidade deles. Juro que não sei se este será o meu futuro, ser um jornalista. Ando tão relapso, tão em outra dimensão. Ando pensando muito na vida, no livro que está dentro de mim e que, acredito, devo escrever na minha próxima viagem. Sinto que preciso viajar. Preciso deixar muita poeira para trás. Não escolho fugir dos problemas, escolho buscar energia em outras fortalezas. Escolho ampliar esta minha visão que depende sempre do ponto de partida da minha vista.

Eu estou tão vazio. Não sei externar o que ocorre. Mas é um vazio profundo e sem precedentes, um deslocamento, uma estranha alienação. Às vezes, penso que em algum lugar do mundo, tem alguém esperando por mim. Vi tantas gentes e tantos lugares que me pareço com um fragmento no espaço, sem uma origem que me explique.

Pelo menos estou livre do que um dia chamei de AMOR. E para minha sorte era apenas afeto. Afeto pela pessoa errada, por uma mentira muito bem contada. E o bom do universo é que nunca somos enganados sem que os nossos olhos se tornem mais apurados, mais sensíveis ao que é verdadeiro e falso. Mas não fui o maior enganado, não. A melhor resposta apenas o tempo e o meu tácito silêncio poderão dar. “Quem me dera ao menos uma vez que o mais simples fosse visto como o mais importante, mas nos deram espelhos e vimos um mundo doente”.

Eu não vou te deixar saber como eu enxergo você agora. Entretanto, saiba que não era o seu corpo, não era a sua beleza (totalmente dentro da trivialidade das pessoas medianas), não era o tom da sua pele ou dos seus olhos. Eu pensei ter gostado de algo que havia dentro de você, que fugia ao lamentável senso comum de grande parte das pessoas. No entanto, sua mediocridade, hoje, me parece insuportável até mesmo para você. E sua busca insana pelo prazer me remete à uma miséria humana que eu não desejo para mim. É como tomar as gotas de água de uma torneira cheia de ferrugem. Eu não: prefiro o sofrimento legítimo do que o prazer forçado.

Esquecendo-me do que para trás fica, prossigo para o que adiante de mim está. Esta semana, devo voltar a Santos e ficar dois dias para o treinamento de vida a bordo. Fui selecionado para a companhia Costa, a maior empresa inglesa de cruzeiros. Devo ficar em alto mar por seis meses, cruzar a costa da Europa, o mediterrâneo, a Grécia, quem sabe a Austrália também. Neste período, pretendo escrever meu livro, cada noite debaixo de um céu diferente. E com meu livro, eu devo romper com todos os nãos, todos os limites da minha sensibilidade. Com sorte, muitos me lerão, tenho certeza.
Também estou cuidando para ser feliz com minha família. Quanto aos amigos, continuo cultivando os mesmos e as vezes conheço gente nova. Sinto falta dos amigos do ICP, mas a vida da voltas e uma forma de estar com eles, é tê-los comigo. Sinto, às vezes, que as pessoas não nos amam pelo que nós somos. A superficialidade de algumas relações me constrange. Contudo, somos o que somos. Eu sou meus cabelos, meu tom de pele, meus braços e pernas, sou meus olhos tensos, sou minha boca, sou talvez uma força da natureza. E quando eu morrer a vida será tão forte em mim que, de alguma forma, eu vou insistir em fazer parte deste ciclo.

Numa manhã, há duas semanas, acordei disposto a mudar o curso do meu barco. Consegui um novo estágio e pedi a conta da revista. Me senti muito livre e sobretudo maduro. É impressionante como podemos sim mudar nosso padrão de comportamento. Não me reconheço nestes últimos tempos. Estou tão mais calmo, mais lúcido, menos ansioso e intranqüilo. Estou talvez gozando do que se chama fé. Fé na vida, talvez. Mas é um acreditar no hoje e no por vir.

Isso tem me mantido de pé em meio aos mais boring days. E uma coragem que desconheço me faz acreditar que eu posso ganhar o mundo e refazer a minha história, quantas vezes eu quiser. Construir e desconstruir, até que fique plena como eu desejo. Porque o que eu quero não está diante de mim: o que eu quero eu preciso descobrir. Sei apenas que quero muito estar em paz com a minha guerra.

quarta-feira, 31 de março de 2010

Meus Ideais...


"Há momentos na vida em que sentimos tanto a falta do passado que o que mais queremos é sair do sonho e voltar no tempo. Sonho com aquilo que quero. Sou o que quero ser, porque possuo apenas uma vida e nela só tenho uma chance de fazer aquilo que quero. Tenho felicidade bastante para fazê-la doce. Dificuldades para fazê-la forte. Tristeza para fazê-la humana. E esperança suficiente para fazê-la feliz. As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas. Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos. A felicidade aparece para aqueles que choram. Para aqueles que se machucam. Para aqueles que buscam e tentam sempre. E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passam por suas vidas. O futuro mais brilhante é baseado num passado intensamente vivido. Você só terá sucesso na vida quando perdoar os erros e as decepções do passado. A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar duram uma eternidade. E a vida não é de se brincar porque em um belo dia se morre”.

Clarice Lispector

segunda-feira, 22 de março de 2010

Travessia - na voz de Elis Regina


Quando você foi embora, fez-se noite em meu viver
Forte eu sou, mas não tem jeito
Hoje eu tenho que chorar
Minha casa não é minha e nem é meu este lugar
Estou só e não resisto, muito tenho pra falar
Solto a voz nas estradas, já não quero parar
Meu caminho é de pedra, como posso sonhar?
Sonho feito de brisa, vento vem terminar
Vou fechar o meu pranto, vou querer me matar
Vou seguindo pela vida me esquecendo de você
Eu não quero mais a morte, tenho muito que viver
Vou querer amar de novo
E se não der, não vou sofrer
Já não sonho, hoje faço com meu braço o meu viver...

sexta-feira, 19 de março de 2010

Perdendo Para Se Achar...


Quando tá escuro e ninguém te ouve
Quando chega a noite e você pode chorar
Há uma luz no túnel dos desesperados
Há um cais de porto pra quem precisa chegar...

Uma noite longa por uma vida curta
Mas já não me importa basta poder te ajudar
E são tantas marcas que já fazem parte
Do que sou agora mas ainda sei me virar...

quinta-feira, 18 de março de 2010

Coração Quase Novo...


"Por mais que as cruentas e inglórias batalhas do cotidiano tornem um homem duro ou cínico o bastante para fazê-lo indiferente às desgraças e alegrias coletivas, sempre haverá no seu coração, por minúsculo que seja, um recanto suave no qual ele guarda ecos dos sons de algum momento de amor que viveu em sua vida". Plínio Marques

terça-feira, 9 de março de 2010

A Ofensa de Um Capira - D. Donson


A verdade é um relance. Dia destes, caminhando despretensiosamente pelo sítio de uma amiga, vi um senhor de aparência fadigada sentado em frente a uma velha casa. Estava observando qualquer coisa depois da cerca que rodeava a propriedade. Não sei como explicar, mas, de súbito, soube a vida deste homem. Sim, de relance, me ocorreu em detalhes todo seu passado.

Os muitos filhos que criou, a terra em que lhes tirou o sustento, o suor e a luta de uma vida tão batalhada quanto anônima. E o pior anonimato é desconhecer o próprio esforço. Este senhor poderia ter vários nomes, mas decidi chamá-lo de Zé. Somente eu pude ver Zé na intimidade de seu momento impessoal, momento em que ele escolheu despojar-se de todos os seus papéis, sentar na varanda e apenas refletir sobre a imanência do eterno Nada.

Vi sim e, antes de tudo, ele era “um forte” como disse Euclides da Cunha. Não questionava e não se rebelava contra qualquer que fosse suas condições. Na certa não gozava de fartura, nem galinha havia em seu quintal. Mas aquela imagem bucólica me causou grande espanto. Também eu sou responsável por uma vida: a minha. E nunca saberei o que é ser outra pessoa, a não ser nestes raros instantes em que a verdade nos pega de assalto.

De repente, invejei Zé com olhos semicerrados de indignação: ele era parte de alguma coisa, um homem satisfeito com o seu corpo esquálido e sua postura desalinhada, alguém que pertencia ao lugar – Zé era pedaço de uma paisagem. Percebi que jamais conseguiria encarar o Nada com tamanha tranquilidade. E por um instante ele me olhou, mas por sorte não me viu. Sei que não viu porque sou estrangeiro naquelas terras.

Por vezes, porém, tive que encarar a vida e a sua grande esfinge. Fui enfático, quase áspero com minhas respostas simplistas: “vivo porque nasci e morrerei sem simbologias, como quem sai pela porta dos fundos. Insisto na sinceridade de um jogo aberto e queria que você, esfinge, não se escandalizasse com minhas questões. O que há atrás do pensamento, da consciência, do sangue pulsante, do ambiente em que me lançaram?” Não decifrei a esfinge até agora. Mas ela também não me decifrou!

No entanto, o homem continuava ali a me ofender com sua liberdade gratuita, como quem sabe o que esconde a grande esfinge. Eu não podia deixar barato: a melhor forma que encontrei de me vingar contra a ousadia de Zé e a obscuridade e o mistério do que não conheço foi vivendo, de forma inédita, até a última gota, ocupando um vasto lugar nesse planeta em que, meus Deus, somos tão estrangeiros... Contrariado e confuso, deixei aquele sertão para, mais tarde, cair em outros.

O sertão, na realidade, é essa sede insaciável de completude, é estes novos caminhos que, em mata fechada, sou obrigado a abrir. O sertão é esse silêncio excruciante das perguntas sem respostas, mas é também o alívio feliz de quem passa desapercebido pela vida. O sertão (conheço vários) é mais forte do que eu e me dilacera com o simples olhar de um caipira. O sertão não é o mundo: é a dor da descoberta do mundo.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

O Último Magical Moment - Por D. Donson






































Estranho. É assim que me sinto ao voltar para casa. O último dia foi extremamente difícil... me despedir dos meus roomates não foi uma tarefa nem um pouco fácil, sobretudo porque eles foram minha família por quase très meses. Talvez eu volte a vê-los, talvez não. Fui rapidamente para Nova York afim de conhecer pelo menos um pouco a cidade com o que me restava de dinheiro e tempo. Foi uma experiência extasiante sair do metrô e dar de cara com Manhatan... uma explosão de euforia me tomou.

Eu sempre quis estar lá... fui caminhando da 5 avenida até a Times Square. Não há nada que pague este dia e prometi a mim mesmo voltar a cidade com mais tempo e dinheiro... Estou em casa e uma inquietação toma conta de mim. Eu sempre quis fugir da rotina, do cotidiano, da vida monótona e cá estou eu novamente, sem direção, sem grandes novidades. Me sinto um alien dentro da minha própria casa.

Sinto uma nostalgia sobre tudo que vivi, embora eu saiba que preciso de novos sonhos e planos para fazer a grande roda da vida girar. Estou sem foco, ainda sem direção... mas nada que venha a pertubar a minha lucidez, pois eu sei que preciso continuar caminhando. Para onde caminho pouco importa, o fundamental é continuar a caminhar.

Sinto saudades de todos os amigos estrangeiros que fiz como a Meaven Tracey e a Vanessa Torres, ou o Mahemet Akon ou a Brittany Kuon... cries. Cometi na minha vida muitos erros na minha ânsia de acertar. Quero melhorar as coisas, sabe. Quero encontrar meu centro, pois mesmo longe eu ainda não achei o que estava procurando. Não sei onde nem quando me perdi, as vezes tenho medo de me achar tarde demais.

Eu queria que este último post da viagem fosse mais alegre, no entanto, as vezes sou tão denso que nem mesmo eu volto a ler o que escrevo. Pode ser que escrever esteja se tornando auto-ajuda para mim, já que não frequento psicólogo. Pode ser que escrever sobre mim seja uma forma íntima e desfarçada de eu me curar ou descobrir novos caminhos, já que não suporto os caminhos já abertos.

Pode ser que muitas vezes eu me recuse ou não queira conversar sobre certos assuntos, pois eu também tenho o direito de manter o silêncio. Amanha acho que irei me apresentar na revista e retomar meu estágio, embora a contra-gosto. Se eu pudesse ficaria só com as novidades da vida e jogaria a rotina no lixo. Eu juro que é o cotidiano que me mata. Mas não posso reclamar, mesmo tendo medo do futuro, do mundo, dos dias que passam, da roda furiosa da vida.

Tenho feito o melhor com o que tenho em mão... tentando fazer valer a pena. Sinceramente, não sei o que pretendo com este post, nada acredito. Mas deixo de lado meu devaneio e agradeço a tudo e todos por terem paciència comigo, por me aceitarem mesmo eu sendo tão esquisito ás vezes, por me deixarem fazer parte de alguma coisa. Obrigado à Índia, obrigado desespero, obrigado medo, obrigado solidão, obrigado fragilidade, obrigado, obrigado silêncio. Estou só no começo da grande coisa.

O melhor está por vir.

O melhor está nessas estrelinhas.

O melhor é sempre implícito.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

O Mundo Comeca Agora...


"Keep away from people who try to belittle your ambitions. Small people aways do that, but the really great ones make you feel that you, too, can become great" (Mark Twain).