quinta-feira, 5 de novembro de 2009

A Tréplica - Por D. Donson



Esta não é como uma carta qualquer. Esta carta eu escrevi para você, sem me importar com os possíveis leitores que, silenciosamente, podem estar atrás de uma tela qualquer. Trata-se da tréplica, com uns meses de atraso. Quando lhe enviei o cartão, nada pretendia a não ser deixar claro que te amo sem compromissos de te amar. Amanhã ou depois, de repente, num momento normalíssimo do cotidiano, já não te amo mais.

Às vezes acho piegas essa coisa de amor. Não amo com frequência não. Juro que você foi um caso a parte, é um caso pra mim? Não sei, sabe. Talvez eu seja tão neurótico e tenha uma série de pré-requisitos: inteligência (que seja acima da média), simpatia, beleza... talvez eu pesquise demais e faça muitos testes. Muitos são negativos.
Quem me ama, também dá negativo.

Por isso é que eu gosto mais é do imaterial peso do carinho por uma pessoa. Por exemplo, posso sentir carinho e gostar de várias pessoas, sem compromisso de amá-la. Pois amor da muito trabalho. É excruciante. É exaustivo. Exige atenção e cuidado. E tive bastante cuidado para não te odiar também.

Na verdade, eu até poderia. Mas preferi ficar com o que idealizei de você. Pois você não é tudo o que eu imaginava. No entanto, muita coisa é verdade. Seu cheiro é verdade. Sua voz também. Sua boca é verdade. SUA BOCA É UMA GRANDE VERDADE. De fato, acho que talvez a boca tenha pesado mais, não sei... E seu corpo é muito bem trabalhado, embora não seja o corpo mais bonito.

Entretanto, é o corpo que eu quero. E quero inteiro: com a alma dentro. Não sei como serei amanhã, sei que você não está feliz. Você não fala com freqüência. Juro que quando recebi sua carta – foi a primeira vez que você falou, foi libertador –, tive a nítida impressão que você estava me deixando de stand by para um futuro não muito distante. Eu também te deixei de stand by de certa forma. Porque eu, por mais insistente, tenho amor próprio e precisava fazer novos testes.

Tive alguns resultados regulares, outros satisfatórios, mas nenhum excelente. Hahaha to tentando usar linguagem matemática para ver se você entende sem precisar decodificar, embora amar seja um cálculo matemático errado. Soma de incompreensões e dúvidas. Você até gosta das entrelinhas, do que é implícito. Você, que já viajou o mundo e desconfia do mundo, não sei até quando estará por perto... Prometo guardar o postal de São Petesburgo, assim como a carta, pois trata-se de uma história. A minha.

Não poderia deixar de dizer como apreciei te ver de novo. Sentir seu cheiro. Gosto tanto do seu perfume que talvez nem seja perfume, mas o odor propriamente da pele. Do seu jeito de olhar que é sempre uma incógnita. Teve alguns segundos que não precisou de palavra, nem conversa. A gente só ficou se olhando, com quem compreende sem necessidade de fala. Pensei que era despedida.

Vejo que não era a final. Talvez você se supere se um dia chegar a me amar. Sei das suas limitações, das suas necessidades, dos seus gostos. Penso que sei. O que salva é que se for realmente como penso, dia ou outro você escapa e resolve viver algo real e legítimo. Embora isso, até hoje, não tenha eu vivido. Virá o dia em que poderemos nos reconhecer (ou conhecer), que romperemos com todos os “nãos” que existem em nós. Até lá, o caminho é caminhar.




Sincerelly,

05/11/2009

Um comentário:

Thayla Ramos disse...

Hey Dani!
Que palavras fortes, como todas as que leio aqui. Como vc me disse há uns dias, dor de amor até que pode fazer bem, não é? realmente te inspirou rs. Beijo! E não vá embora sem se despedir hein!