sexta-feira, 1 de maio de 2009

Amizades Sinceras - Por D. Donson


Resolvi que falar é necessário. Melhor, externar é necessário. Faz dias que vem neveando algumas idéias na minha cabeça; elas estão lá, o tempo todo. Incansáveis. Estive pensando o que significa Amizade. Muito, muito complicado definir. Sei de uma coisa: poucos realmente são nossos amigos.

Pensei, pensei. Quem poderia me dar a mão no momento de sufoco? Quem confiaria em minha mão e a solicitaria em um momento de sufoco? Sobraram poucos dedos, sobrou menos de uma mão. Lembrei do que a Clarice disse no livro A paixão segundo GH: “A maioria das pessoas que gostam de nós quer que sejamos alguma coisa de que elas precisam”.


Não muita gente precisa de mim; eu também vivo bem embora precise de ajuda. Até minha referência maior de amizade ultimamente tem dado pisadas seqüenciais, atrozes – e eu tenho relevado em nome de alguma coisa chamada amizade. Imagino que amigo seja algo que vai muito além de alguém com quem compartilhamos nossas vivências e experiências. Alguém que chamamos parar rir, para se divertir e descontrair.

Amigo também segura nossa barra, divide as frustrações e, sobretudo, nos corrige ou tenta nos apontar o caminho. Amigo de risos eu dispenso. A não ser o efêmero momento do riso que é bom para todos. Mas a angústia, a angústia a gente acaba tendo que segurar sozinho e no escuro. E não estou inspirado para falar tudo quanto é necessário. Se eu falasse o que observo no comportamento das pessoas e, particularmente, no meu, o mundo se escandalizaria.

Preciso me controlar. Mas juro que o que eu realmente prezo é pela transparência. Odeio egocentrismo, pessoas que só falam de si, pessoas que não tem sensibilidade para enxergar o outro, pessoas bitoladas e alienadas em si mesmo e em suas vidas medíocres. A minha vida, hoje, está medíocre. Medíocre de pessoas, de lugares, de verdades. Medíocre de sonhos, de largueza e, sobretudo, de amor. Mas eu não sou medíocre.

Estou é tentando sobreviver neste emaranhado de sentimentos incertos e de pessoas ainda mais incertas. Mas conservo aquela velharia da infância, aquele bem-querer e aquela facilidade de apego. Isso talvez salve tudo. Estou buscando por um tempo que espero viver. Estou transformando minha realidade conforme o meu desejo de vida.

Estou customizando a vida, do meu modo. Me adequo aos outros? Não. Ninguém precisa me amar, não preciso amar ninguém. Esta é a verdade: me tratando bem já é suficiente. Mas sou tolerante... vou agüentando, até que em um momento quase normal do cotidiano a gente explode a abarca o mundo e as pessoas com ofensas e depois dizem: acalme-se, você está descontrolado. Em síntese, a busca continua: Procura-se uma amizade sincera!

5 comentários:

Deni Rogê disse...

Tabacaria

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.

[...]

Vivi, estudei, amei e até cri,
E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu.
Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira,
E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses
(Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso);
Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo
E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente


Dani, leia Tabacaria, um poema de Álvaro de Campos, um dos heterônimos de Fernando Pessoa.
A ignorância é doce, doce como o chocolate que a menina come na tabacaria.
Às vezes queria ser ignorante e ver a vida da maneira mais simples possível, quem derá, assim, fosse mas fácil viver.

Cintia Ferreira disse...

Nunca mais me esqueci de uma frase que li um dia, não me lembro onde e nem de quem é, mas dizia assim: "Amigo é aquele com quem podemos pensar em voz alta".
Nós podemos controlar os atos, mascarar as palavras, mas, os pensamentos são sempre independentes de nós. Quanta coisa torta nós pensamos, quanta sujeira há nas nossas cabeças, elas, dividem lugar com aquilo que é bonito, claro.
No dia que encontrar alguém que conheça "seus lados", seus pensamentos mais crus e ainda sim esteja ao seu lado. Bravo! achou um amigo!

Silvia Elena Augusto disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Silvia Elena Augusto disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Silvia Elena Augusto disse...

Dani,
Pode parecer engraçado, mas há alguns dias também estava pensando a mesma coisa... Concordo com você, não quero amigos apenas para os momentos de riso ou para baladas.
Quero amigos de coração, amigos ao qual podemos conversar altos papos, sobre tudo o que se possa imaginar e o melhor ainda, sem julgamentos.
Em um de seus livros, OSHO diz o seguinte: Nunca existiu uma pessoa como você antes, não existe ninguém neste mundo como você agora e nem nunca existirá. Veja só o respeito que a vida tem por você. Você é uma obra de arte - impossível de repetir, incomparável, absolutamente única. Amizade verdadeira é assim...
Respeitar cada ser em si!

P.S.: Sorry, mas deu erro nas postagens anteriores (comentários).

Bjo e adoro você