"...Um homem precisa viajar. Por sua conta, não por meio de histórias, imagens, livros ou TV. Precisa viajar por si, com seus olhos e pés, para entender o que é seu. Para um dia plantar as suas árvores e dar-lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar o calor. E o oposto. Sentir a distância e o desabrigo para estar bem sob o próprio teto. Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver”. Amyr Klink
Sempre quando viajo, tenho plena certeza de que aprenderei muitas coisas. Toda viagem nos alarga, nos expande de alguma maneira. Seja para São Paulo, para o sertão da Paraíba, para a Polinésia Francesa ou para o mundo em geral. Estou tentando, atualmente, viajar para a Disney, em Orlando. E até lá há uma longa estrada.
Fui para São Paulo na última quarta-feira (2), no último ônibus do terminal. Um terminal é algo mágico, sabia? É o único não-lugar do mundo. Não-lugar porque ali não pertence a ninguém. Todos estão de passagem, chegando, saindo, cada qual com seu destino. Ou sem ele. Num terminal é possível se achar de tudo: de drogados, a pregadores da palavra de Deus.
Foi assim que, enquanto imaginava que ia descansar para a viagem, ouvindo de leve Safe Trip Home (Dido), três mulheres negras de roupas muito coloridas sentaram na minha frente. Logo estranhei porque o perfume delas era algo extremamente estranho, era agridoce – parecia incenso. Usavam lenços na cabeça e roupas de oncinha.
De repente, elas começaram a falar um dialeto. Meu, que da hora! De onde será que elas eram? Depois, uma delas falou algo em inglês, ai eu não agüentei. “Where R U from”? elas ficaram doidas quando eu falei com elas. Virou quase um culto evangélico. Imagino que há dias elas não falavam com ninguém além delas mesmas...ahahah. Então, viemos conversando.
Lola, Katie, Rebeca e eu. Como era a vida na Nigéria, como vieram parar no Brasil, etc, etc, etc. Dentro do ônibus, contando que eu ia para São Paulo ser entrevistado pra Disney, não é que aparece uma candidata? Estava vindo de Limeira, Luciana, aí o resto da viagem foi trocando figurinha com ela. Cheguei, dormi em hotel, acordei às 4h30 e me arrumei.
Quando saí para rua, com o papel do Google Maps indicando passo a passo o caminho, tive um mal pressentimento. É que havia dezenas de malandros na rua, eu de social, com mochila que tinha coisas dentro. “Vou ser assaltado igual ao Cris do seriado”. Já estava me preparando para entregar tudo porque, coitado, eles precisam mais do que eu (Ahhhh tá) quando, do nada, aparece um táxi. “Onde ce vai, amigo?”, disse seu Renato, velho malandro, sovina e charlatão.
“To indo para Faria Lima”. Ele me disse que ficaria baratin, baratin me levar lá (Ahhhh tá). Pelo sim, pelo não, preferi pagar a ele que aos colegas da praça. O seu Renato me engabelou. Só porque somos do interior, pensam que a gente é besta. A corrida, no taxímetro, ficou 56,09 reais. Pois assim, de cabeça, ele refez a conta e disse que dava 79,85, já que ele havia esquecido de colocar bandeira dois.
Velho safado. O que conta é o que está escrito. Ele levou todo meu dinheiro. Eu teria que ir no Banco, mas aonde achar? E para sacar dinheiro, além da senha de número, tem a de letrinhas e esta última eu nunca lembro. Tudo bem. Cheguei no hotel (bem suntuoso) e esperei bastante, até que chegou a segunda alma (Débora) e a terceira (Boi) para ajudar o tempo a passar.
Depois chegou minha grande partner (Bárbara) e aí, do nada, um exército de candidatos se apresentou. Gente bonita e bem vestida. Muitos colocando o pé pro outro tropeçar (brincadeira..rs). E foi assim: a palestra foi ótima, a entrevista surpreendente. Eu falei tudo o que pretendia e um pouco mais. A Bárbara também. Demos respostas boas; tentando sair do senso-comum. Parceria total! Ele curtiu a gente porque a conversa rolou solta uns trinta minutos.
Com sorriso na orelha, fomos embora. Eu fui com a galera da comu (Sir Terra, Sadia, Ana Paula, Júlia (prodígio) etc, etc, etc) comer. E foi um dia bom. Ainda mais porque eu não precisei achar banco (paguei o lanche da galera no cartão e eles deram a grana para mim). Ainda mais porque economizei pegando carona com o Boi até Campinas. Ainda mais porque eu tenho certeza que fiz meu melhor e mais um pouco. Foi a mesma sensação de quando a gente estreou “O Espantalho” aqui na cidade. Eu era o Espantalho na peça...heuhsuheushues.
E essa foi a minha aventura até aqui. Não deu para ver a Joyce e o André, amigos que há muito quero conhecer. Meu celular ficou off. Enfim. Sei que muitas outras coisas vão acontecer. Mas estou muito contente e tranquilo. A jornada está só começando. A jornada é o caminho.
2 comentários:
Oiii,
Eu queria estar lá... que emoção!
Está vendo, o caminho nem sempre é o outro. Depende muito dos olhos de quem vê.
O caminho pode ser tudo!
O caminho é a vida, o amor... e aí os "outros" são apenas os outros... (vide resposta do seu comentário - AGORA SEI)
Que história é essa de que a jornada é o caminho? Quem será que disse isso? (rsrsr) - Sr. Sócrates, suponho!
Nossa, esse nosso amigo sabe muito mesmo né Dani? Ainda bem que ele faz parte de nossas vidas...
Bjo grande e muiiiita saudades de ti:)
QUeria eu ter essa voz poética e talento para a combinação de palavras.. o meu blog mas se parece um manifesto comunista...hehehe
Volta e meia passo por aqui e fico surpreendido com os textos inteligentissimos e com as imagens que sempre dizem algo.. (a do gato no espelho é a melhor!)
Confesso.. fico louco procurando o botão stop pra CALAR a Alanis Morrisset, mas isso é feito de maneira rápida.
Esse dia foi mágico pra todos nós, somos todos atraídos ao mesmo sonho! E o melhor é que os nossos sonhos se resumem e ver "outros" sonhos virarem realidade.
Parabéns pela dedicação exemplar até aqui, e muita sorte pra todos nós nessa espera de resultado.
Ja me convido a te chamar de amigo, enxergo oportunidades de longe
Abraço
Sadia!
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