Deve ser porque o azul sempre se escondeu de mim.
Se meus cabelos caem todo dia 11 de abril,
Deve ser porque a juventude nunca esteve a meu favor.
Se meu coração é um navegante solitário,
Deve ser por que as respostas que eu procuro, não estejam em terra firme.
E ainda que estivessem certamente elas fugiriam para as entranhas da terra.
Se meu corpo é a prisão de meus desejos e da minha alma indomável,
Por que será que eu o escondo sob estes trajes ridículos?
Se a droga da poesia não me aponta a solução,
Porque insisto em fazer dela minha única companhia?
O meu canto permanece ecoando pela casa vazia,
E meu quadro negro, permanece indecifrável e sem vida.
Seria esta a minha arte?
Usar uma única cor sobre a tela e ainda assim torná-la interessante?
Não. Preciso de outras cores, outros tons, outros pronomes, outros sons.
Onde encontrá-los? Estou perdido neste labirinto oculto, desconheço a saída.
Mas às vezes escuto vozes que vem lá de fora.
Então eu amo amar o que não compreendo. E compor com meu mísero vocabulário.
E ter fé do tamanho de um grão de mostarda, para continuar a sorrir. E sorrir. E sorrir.
Sendo que o saco de risadas que observo nos outros, é tão vazio quanto o meu.
Nada como o sol para me despertar e me fazer levantar.
Nunca se atrasa e não me deixa perder hora. Quer me levar para estrada.
Ele sabe que na minha idade só a velocidade anda junto a mim.
Piso bem fundo, esqueço do meu mundo, não posso voltar.
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