quinta-feira, 14 de agosto de 2008

A Pragmática da Educação - Por D. Donson

O modelo educacional que observamos atualmente é ilusório e carente de reformas. Os valores da sociedade contemporânea estão aquém do que um dia se convencionou chamar de Educação. Inúmeros fatores contribuem para o que, usualmente, costumo chamar de Alienação Generalizada e que abrange todas as classes, credos e raças, indiscriminadamente.
A verdadeira lucidez, como eu a digo, se manifesta exclusivamente através da educação. Contudo, até mesmo o conceito de educação se encontra deturpado. O ambiente escolar, que ideologicamente seria um espaço destinado à prospecção do capital intelectual e cultural das pessoas, tornou-se um mero pré-requisito curricular, para uma posterior boa colocação profissional, para um posterior bom salário, para um posterior bom carro, para um posterior bom apartamento, para uma posterior vida medíocre repleta de coisas e que é encerrada sem a menor essência existencial permanente – que é a revelação do lobo do homem e a escolha particular de proteger as ovelhas perdidas, pois toda ovelha é burra.
E as pessoas continuam em suas rotinas frenéticas, sem ao mesmo contemplarem o objetivo sublime de fazer o que fazem, de buscar um aperfeiçoamento maior.
Daqui de baixo tenho visão panorâmica dos mundos, porque não me enquadro em sistema algum. Tenho um “contra-alguma-coisa” que me norteia nos constantes contatos que faço com o mundo real. Não possuo classe social: a classe alta me acha um monstro, a média teme que eu possa desequilibrá-la e a baixa nunca vem a mim. De modo que minha percepção sobre ser e estar e ser e ter, tem se tornado meu grito de ave de rapina, irisada e intranqüila. Espero acordar outros seres gritantes para que, em uníssono, possamos dar o grito de aviso de estarmos vivos.
Entendo o porquê a escola continua em alta, com sua grade estupidificada. No ato da matrícula, a premissa é acordada: nunca questionar demais, dúvida é coisa de perigosa - mata. Assim, todos os que se atrevem a entender, desorganizam o esquema. Sobretudo a educação de hoje está fadada ao protocolo e as regras. Ela deveria vista como um processo contínuo visando a autonomia da pessoa humana. O triste fato é que, bem ou mal, com advento das tecnologias, o ensino está cada vez mais mecânico e defasado. Para que pensar em gramática? O “Word” corrige.
A internet informa, mas não forma pessoas analíticas ou efetivamente preocupadas com algum tipo de mudança estrutural, social ou não – inércia coletiva. O "Eu" e o "Meu" são predominantes em todos os aspectos da vida. Trato de fatos abstratos e ocultos, mas enquanto tiver perguntas e não obtiver respostas, continuarei a escrever.

Um comentário:

Deni Rogê disse...

Caro Daniel, confesso que compartilho com vc a tristeza pela má qualidade de ensino no nosso país. E quando há bom ensino, este só é voltado para a elite. Vivemos o tempo do "ter para ser", entretanto sonho e faço a minha vida com base no "ser para ter".
Mas devemos também ser conscientes com a nossa situação. O Brasil está passando por um processo em que os países do "primeiro mundo" fizeram a 200 anos atrás.
Nós democratizamos a escola no final do século XX, ou seja, todas as classes sócio-econômicas passaram a ter acesso à escola recentemente, e se não as têm, o governo pode ser processado, ou caso os pais forem negligentes, passam a ser os réus, pois é crime não manter os filhos na escola.
Tento ser otimista, mas é difícil, porém não posso negar que estamos caminhando para o correto. O primeiro passo foi dar escola a todos, o próximo e mais doloroso é dar qualidade as instituições escolares concomitantemente estabalecer um diálogo para com a sociedade com a finalidade de repensarmos o dever da escola e de como ensinar, além de estabelecer uma ponte que una todas as tribos diferentes da juventude mais o professor, afim de que os resultados sejam promissores.
Nosso país é recente, e foi maltratado desde sua fundação, cá vivenciamos a exploração por parte de uma nação e a escravidão, tais fatos históricos refletiram no futuro do que veio a ser a nossa sociedade, em que lhe é atribuida a desigualdade social, a desigualdade cultural, a desigualdade econômica, e tantas outras coisas.
Não quero ser demagogo e muito menos fazer propaganda política, mas acho que estamos caminhando para um futuro menos desigual, afinal hj somos presididos por um operário. Até 30 anos atrás isso era visto como algo impossível.
Tento ser otimista, o otimismo é um elixir para continuar acreditando nesse país. Tenho vergonha de muitas coisas nessa terra, mas tenho motivos também para ter orgulho.
Vamos denunciar o problema da educação e cobrar, mas é fácil falar, entretanto, o correto é agir, movimentar e fazer barulho de maneira civilizada, nesse quesito os brasileiros deixam a desejar. Sim, tenho inveja dos argentinos, que saem às ruas para protestar e gritar por melhorias, acho uma verdadeira sinfonia o "panelaço" argentino, pois naquele som há protesto, há intencionalidade para a mudança do ruim a algo melhor.
Quem dera, os brasileiros saissem às ruas para protestar contra o poder público pelo fato do "Joãozinho" estar na 4ª série e não saber ler e nem escrever, quem derá protestarmos por causa da "Aninha" não saber fazer divisão e multiplicação estando numa 7ª série.
Isso não ocorre ainda, mas uma coisa é certa, começamos a fazer a nossa lição, tornando a escola acessível a todos, agora devemos estudar muito, para que possamos tirar nota 10 em qualidade educacional.
Abraços
Denis Roger Faria