segunda-feira, 27 de julho de 2009

Carta Para Minha Amiga Secreta - Por D. Donson


Querida S.E.A.,

A vida por aqui tem sido razoável. Você sabe que, embora tenhamos ocasião para nos falar pessoalmente, sempre fica faltando algo a ser dito. Nossas conversas vão bem além do cotidiano. Nossas conversas tratam de vida e de universo. Eu adoro nossas conversas! Quão vasto é o mundo e muitas vezes as pessoas apegam-se apenas ao lado superficial das coisas. E as pessoas, as pessoas andam tão confusas que parece um desafio até mesmo existencial viver em sociedade.

Querida S.E.A., não pretendo com esta carta dizer nada que faça muito sentido. Pelo contrário, apoiando-me nessa falta de nexo e de compreensão que muito me envolve é que decidi te escrever. E também não pretendo provar nada. Não quero assumir uma postura, você sabe. Me recuso a fazer uma escolha, não agora. Na verdade, no fundo a gente só está querendo provar para todos que não precisamos provar nada pra ninguém, não é? O que a gente quer é desabrochar de uma forma ou de outra.

Você sabe, S.E.A., abrir os olhos para o mundo é coisa vital para nós. Eu não suportaria nunca ser preso ou viver todos os meus dias neste mesmo lugar. Não que eu não ame as minhas raízes, não que eu não valorize cada centímetro destas paredes. Mas às vezes precisamos migrar, precisamos do calor de outros campos, precisamos do cheiro de terra fresca, precisamos do perigo que nos oferecem os nossos predadores. Porque sem eles, os predadores, jamais conheceríamos o tamanho e a extensão de nossas forças.


Sim, minha cara. Você, mais do que ninguém, sabe que o que eu falo não é o que eu falo e, sim, outra coisa. E estas palavras, na verdade, escondem outras. Mas você sempre foi boa e sensível para ler as entrelinhas, por isso, não me preocupo com outros possíveis leitores que eu jamais poderei supor. Eu realmente não sei porque, S.E.A., às vezes o que vemos quase ninguém vê. É sempre um jogo tão duro. É como estar ilhado, é como sentir solidão no meio dos outros, não é? Mas também não procuramos ninguém igual a nós. Estamos sendo tão tolerantes e tão compreensivos que até parecemos ingênuos embevecidos pelo delicado gosto da descoberta.

Eles confundem nossa tolerância. Confundem nossa simpatia com ingenuidade. Daí, quando mostramos que somos pensantes e, com ou sem humildade, cheio de opiniões, eles se assustam. Não sei porque escrevo. Acho que sobrei nesta noite e, pelo menos nesta noite, não há lugar confortável para mim. Mas olha, tenho andado com fé, viu? Os dias estão muito estranhos, tem noites que não durmo bem. Sinto gosto de uma nostalgia na boca, como saudade daquilo que a gente não viveu. É como se eu fosse bem mais velho. Tenho apenas 20, mas estou assustado. “Ontem de manhã, quando acordei, olhei para vida e me assustei: eu tenho mais de 20 anos”. Hehehe.

Ainda assim tenho andado com fé, como você me recomendou. Acho que é esse fogo, esta utopia, este total desprendimento que sinto pela idéia do fracasso que me motiva. Eu sinto que não seremos derrotados, tampouco irão abarcar nossas ideias. Sinto que não somos do tipo que se adequa ou se acomoda com o tempo. S.E.A., somos imparáveis! E é isso que vamos levar, ou que vai nos levar sempre adiante. A resposta é e sempre foi o nosso caminho. Continuemos, pois, a olhar para frente, para a natureza que sempre envia consolo, para Deus que nos dá esperança, para o outro que é fundamental para nos suportamos e, sobretudo, para nós. Tudo depende de nós. Andando com esta fé que jamais costuma “faiá”!!! De qualquer luta ou descanso, nos levantaremos fortes, ávidos, obstinados e belos como cavalos novos.


Cheers,

Dani


sexta-feira, 3 de julho de 2009

Acerca da vida plena


"Há momentos na vida em que sentimos tanto a falta do passado, que o que mais queremos é sair do sonho e voltar no tempo. Sonho com aquilo que quero. Sou o que quero ser, porque possuo apenas uma vida e nela só tenho uma chance de fazer aquilo que quero. Tenho felicidade bastante para fazê-la doce. Dificuldades para fazê-la forte. Tristeza para fazê-la humana. E esperança suficiente para fazê-la feliz. As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas. Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos. A felicidade aparece para aqueles que choram. Para aqueles que se machucam. Para aqueles que buscam e tentam sempre. E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passam por suas vidas. O futuro mais brilhante é baseado num passado intensamente vivido. Você só terá sucesso na vida quando perdoar os erros e as decepções do passado. A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar duram uma eternidade. E a vida não é de se brincar porque em um belo dia se morre”.

Clarice Lispector – do livro A Descoberta do Mundo
Foto: Célie e Natie, do filme A Cor Púrpura

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Dia de luz, festa de sol! Por D. Donson


Eu despertei na manhã do dia 30 com o coração muito do alegre. A música que vinha na minha cabeça, se não me engano, era Thank U, da Alanis. Esta música acabou se tornando trilha para o momento que estou vivendo. Momento de busca, de retomada de planos antigos, bem antigos, mas que tornaram a pegar fogo. It burns, you know?

Juro que dentro de mim eu tinha uma certeza indescritível de que tinha passado na entrevista para o ICP da Disney. Certeza + falta de provas: Fé. Fui exultante para o estágio. Olhei o céu, cantei bastante. As pessoas pensam que sou louco só porque não sou tímido. Eu não canto tão alto em público, canto para mim. Elas se escandalizam, mas eu nem ligo...hahaha. Cheguei ao centro da cidade, olhei o céu, o sol e a natureza: era um dia importante e aguardado.

Entrei dentro de uma grande Igreja Católica (mesmo sendo protestante rah!) e disse (não para aquela imagem que vi, mas para algo além do teto): “Sir, you know how long I´ve been waiting for this momento. Give me what I´ve been looking forward. Make it come true, mr. Jesus, and I´m sure I´ll be a good boy (olha a barganha)...hahaha. I know that´s finally my turn. I´m wiser now, I´m not so foolish as I used to be. So, make it come true!”.

Maduro o suficiente para não chorar caso eu não passasse, cheguei no prédio em que trabalho. Estava sem net em casa estes dias. Liguei o computador. Entrei no site. Digitei meus dados. Fiquei pensando por cerca de 5 segundos antes de apertar o enter. Como eu imaginava, eu tinha passado!!! E foi muito bom. Você pode imaginar o que é a expectativa de realizar um sonho com mais de 5 anos de atraso.

Agora, falta a fase final. E estou ficando muito do esperto, lendo tudo o que posso, munindo me de informações que vão me ajudar a passar. Se eu puder mostrar a eles quem eu sou e o quão isso será importante para mim, sei que serei aprovado. Não sei onde tudo isso vai me levar, mas irei até o fim! E se eu errar, se eu falhar, prometo começar tudo de novo – incansável, ‘unstoppable’ e indesistível.

É isso aí. Tudo tá valendo muito a pena. Só o estado de espírito em que a gente é colocado já vale a pena. Isso é só o começo, keep in touch!! :D