Era uma como muitas, anônima por natureza
Costumava viver apesar de. Apesar de, acordava às 6:00,
Apesar de, cuidava dos filhos, Apesar de - respirava.
Mulher da lida, no corpo havia fadiga.
Os olhos denunciavam que ela não sabia gritar.
Mulher de Atenas, a típica Helena, que dá e nada pede,
Cobiça a liberdade na intimidade de seu leito.
Seu marido a machucava, ora com tapas, ora com socos.
Mas nada doía mais do que quando ele subia em cima dela.
Ele queria fazer o tal "negócio", logo depois dormia.
De modo que ela morria simbolicamente todos os dias.
E ele, vivia por ser charlatão, porque tirou dela seu senso.
E o senso era sua singular estado de estar-no-mundo.
Até que do âmago dela nasceu o grito.
E o grito desencadeou a fuga.
E ela se viu como quem, de súbito, entende um truque.
Achou que poderia pensar sozinha, se ninguém estivesse olhando.
Não era inteligente, não era bela. Já era velha.
Mas tinha o coração selvagem de um potro novo.
Pegou seus filhos, em tenra idade, e fugiu para a grande cidade.
Nas cozinhas de restaurante aprendeu a se suster.
Não era civilizada, mas sabia rezar. Aprendeu a se virar.
Lutou dentro da selva de pedras em que passou a morar.
Descobriu que se bastava, que tinha um começo, um meio e...
Não vivia mais apesar de - agora era plena, sentia o gosto.
Não provou do amor conjugal, mas amou ser uma vez livre.
Livre feito a borboleta branca de seu jardim.
Sim, agora ela cultivava flores.
Assim, ela deixou de ser anônima.
E quando se olhava no espelho, chamava-se por um nome.
Nome que a todos fez conhecer.
Então, já com os filhos crescidos, observou os anos idos...
As dores e dissabores.
Sentiu uma força irradiar de dentro de si - era sangue.
Eram pulsações de felicidade, de gozo. Tinha um nome e tinha filhos!
Também não era solitária porque tinha amigos.
Como estava farta de vida, logo partiu.
E como a primavera, ela se deixou cortar,
Para poder voltar ainda mais forte.
De modo que ela nunca propriamente morrerá.
Quem experimenta liberdade, não costuma morrer.
Apenas deixa de existir por sucessivos momentos brancos.
Logo emerge para conflagrar os renovos da estação.
Costumava viver apesar de. Apesar de, acordava às 6:00,
Apesar de, cuidava dos filhos, Apesar de - respirava.
Mulher da lida, no corpo havia fadiga.
Os olhos denunciavam que ela não sabia gritar.
Mulher de Atenas, a típica Helena, que dá e nada pede,
Cobiça a liberdade na intimidade de seu leito.
Seu marido a machucava, ora com tapas, ora com socos.
Mas nada doía mais do que quando ele subia em cima dela.
Ele queria fazer o tal "negócio", logo depois dormia.
De modo que ela morria simbolicamente todos os dias.
E ele, vivia por ser charlatão, porque tirou dela seu senso.
E o senso era sua singular estado de estar-no-mundo.
Até que do âmago dela nasceu o grito.
E o grito desencadeou a fuga.
E ela se viu como quem, de súbito, entende um truque.
Achou que poderia pensar sozinha, se ninguém estivesse olhando.
Não era inteligente, não era bela. Já era velha.
Mas tinha o coração selvagem de um potro novo.
Pegou seus filhos, em tenra idade, e fugiu para a grande cidade.
Nas cozinhas de restaurante aprendeu a se suster.
Não era civilizada, mas sabia rezar. Aprendeu a se virar.
Lutou dentro da selva de pedras em que passou a morar.
Descobriu que se bastava, que tinha um começo, um meio e...
Não vivia mais apesar de - agora era plena, sentia o gosto.
Não provou do amor conjugal, mas amou ser uma vez livre.
Livre feito a borboleta branca de seu jardim.
Sim, agora ela cultivava flores.
Assim, ela deixou de ser anônima.
E quando se olhava no espelho, chamava-se por um nome.
Nome que a todos fez conhecer.
Então, já com os filhos crescidos, observou os anos idos...
As dores e dissabores.
Sentiu uma força irradiar de dentro de si - era sangue.
Eram pulsações de felicidade, de gozo. Tinha um nome e tinha filhos!
Também não era solitária porque tinha amigos.
Como estava farta de vida, logo partiu.
E como a primavera, ela se deixou cortar,
Para poder voltar ainda mais forte.
De modo que ela nunca propriamente morrerá.
Quem experimenta liberdade, não costuma morrer.
Apenas deixa de existir por sucessivos momentos brancos.
Logo emerge para conflagrar os renovos da estação.
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