Os portões se abrem, a multidão frenética começa a invadir o hall de entrada do Via Funchal, em São Paulo - todos voam pelas escadas. Nos rostos desconhecidos, apenas a mesma preocupação extra-humana de pegar o melhor lugar do espetáculo. Sim, todos estavam prontos para receber a cantora canadense Alanis Morissette.
A fila, que começou nas primeiras horas da manhã da terça-feira (3), dia do show, ultrapassava vários quarteirões da capital paulista. Caravanas de diversas regiões do estado se antecipavam no horário para evitar contratempos. E, enquanto esperavam, os fãs, acompanhados apenas por violão, tocavam os grandes sucessos da cantora como Wake up, Ironic, Hand in my pocket e Heads over feets, entre outros.
Depois de muitas horas de espera, finalmente os fãs se depararam com Alanis que começou o show fora dos palcos, cantando atrás do cenário, provocando gritos de ansiedade e histeria. Com seus famosos giros de cabeça e rodopeios de corpo, Alanis deixou a platéia extasiada. A emoção da platéia impressionou a cantora que não teve chance de interpretar uma só música sem ser acompanhada pela multidão.
Em uníssono, a interação superou a casualidade de um show para se transformar num reconhecimento e numa legitimidade que de tão pessoais fizeram do encontro uma tácita afirmação: “Sim, Alanis, sabemos do que você fala. Estamos na sua!”. Assim, depois de uma apresentação cheia de energia e encanto, depois de contaminar a platéia com sua agonia e com sua indesistível força de vida, de repente Alanis despede-se do público com um aceno amistoso e corre rumo a escuridão.
O show havia acabado. Atônita, a platéia se recupera sentada no chão, buscando fôlego e coragem para deixar o ambiente. Alanis ainda reaparecerá no Brasil. Três apresentações estão marcadas para este mês, encerrando a turnê Brasil de seu novo álbum Flavors of Entanglenament: Florianópolis, Porto Alegre e Rio de Janeiro.
"What goes around never comes around to you". I really love you, Mrs. Morissette*